sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

"Eu quis tanto um amor e ele veio.
Mas agora como faz pra trazer de volta a poesia?"



"Vinha passando pela rua quando encontrei. Olhou bem fundo em meus olhos. E eu mirei os seus. Num instante mergulhei naquele mar. Que olhos eram aqueles. Não entendi porque dentre tantos na rua, foi logo de mim se aproximar. Tinha movimento. Tinha pessoas caminhando na calçada. Tinham carros velozes nas ruas. Porém, aqueles olhos simplesmente ignoraram tudo isso e se puseram somente a me olhar. Ficaram ali. Olhando. Olhando. Eu até que tentei prosseguir em meu caminho. Estava atrasada pra reunião das seis. Ia ser chato chegar depois e inventar uma desculpa. Mas o tal do olhar me agarrou de uma maneira que eu não tive como ir. Não sem ele. Cheguei a pensar em como seria trazê-lo pra mim. Como faria pra cuidar daquele céu. Mas fiquei com medo. Não sabia se podia pegar aquele azul e trazer pra minha vida assim, sem me envolver em maiores confusões. Nunca gostei muito de mudanças e nem de surpresas, apesar de já ter me mudado de casa exatas doze vezes. Mas dessa vez seria diferente. Eu teria que me doar. Eu teria que abrir meu coração para aquela vida que eu mesma fui buscar. Eu teria que me comprometer. Além disso, eu teria que me arriscar em não ser amada de volta. Pelo menos não do meu jeito. Eram tantos os perigos bobos pelos quais eu sentia medo que nem percebi quando minhas mãos pegaram aquele pequeno gato no colo. E daí se ele não me amasse? Pelo menos a culpa não ia ser minha."

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